quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2009

Penúltimo dia do ano e posso me permitir um momento nostálgico. Volto ao começo do ano e venho evoluindo até o último dia de aulas deste 2009 cheio de realizações e conquistas.

É bom dar uma lida naquele post cheio de expectativas de quando iniciei meu trabalho na escola... Dá pra ver que caí na real das séries finais do Fundamental e aprendi na marra que para fazer um trabalho legal, é preciso cativá-los.

Duas escolas para este ano: EE Profª Maria de Lourdes Luize Leite do Canto e EE Profª Maria Antonietta Garnero La Fortezza. A primeira foi minha sede e para onde me removi, a segunda foi escolhida para completar a jornada e de onde vem muita história pela frente (Aguardem!).

Turmas de Ciclo I e Ciclo II, de 2ª a 8ª séries.

Público: mantive meu trabalho com as séries iniciais e tive resultados mais significativos com crianças de certa maneira em melhores condições sociais-culturais-financeiras-afetivas. Depois, abordarei mais sobre as diferenças do trabalho. Nas séries finais, um novo público para mim: adolescentes (muito precoces), crescendo na velocidade que o mundo pede e não na sua própria capacidade de desenvolvimento, pulando etapas e encontrando-se sem vínculos com qualquer instituição externa a eles. Ao mesmo tempo, eram carentes de experiências de movimento e ansiosos por reinventar aquilo que reforçam em seus comportamentos, mesmo que não percebessem. Vale destacar que encontrei uma turma mais madura e mais receptiva nas aulas no La Fortezza!

Condições de trabalho:

Eu tinha todo um acervo de materiais sob meu comando no Maria de Lourdes: bolas de diversas cores e tamanhos, raquetes, cordas, bambolês, medicine balls, jogos, redes, coletes, alguns cones (minha única reclamação! Pouquíssimos cones... As garrafas PET salvaram minhas aulas!), além de quase sempre receber o que solicitava de materiais de papelaria (cartolina, fitas adesivas, barbantes, colas, tesouras, palitos, bexigas...). Não posso dizer que no La Fortezza fosse pior, eu só tinha um acesso reduzido aos materiais porque não tinha a chave do depósito E a chave da escola sumia de quando em quando.

Porém, a diferença fundamental entre essas escolas era o espaço: o La Fortezza tem uma quadra poliesportiva coberta, uma quadra de areia para vôlei e outro tanque de areia usado para futebol, além de um amplo pátio descoberto e outros espaços como gramados e um quiosque. O Maria de Lourdes, em sua simplicidade de escola pequena, não tinha espaço para nada. Nosso espaço foi emprestado pela prefeitura, no centro esportivo da quadra de baixo.


O espaço era descoberto e sem estrutura, sem falar na dificuldade de transitar com os alunos pela rua, ou seja, tentava driblar essa dificuldade por causa do calor e das intempéries climáticas. Criei alguns atritos ao utilizar o aparelho de som e trabalhar no pequeno pátio coberto, tive dificuldades na necessidade das professoras de sala das séries iniciais acompanharem minhas aulas e também recebi protestos durante todo o ano nas ocasiões em que era impossível sair da sala (principalmente do Ciclo II, reflexos da maturidade mal desenvolvida em que eles se achavam no direito de reinvidicar sem avaliar as contrariedades existentes).

Planejamento: Com o trabalho nas turmas de Ciclo II, procurei acompanhar a sistematização da Proposta Curricular vigente nas escolas estaduais de SP. Digo "procurei" porque não rezei a missa conforme a bíblia, encontrei brechas em que pudesse buscar mais participação e construção junto aos alunos, obtive bons resultados. Adaptei alguns conteúdos, transitei entre os bimestres sem prejuízo e, mesmo alguns problemas espaciais (impossibilidade de jogos completos de vôlei e ausência de cestas de basquete), trouxemos soluções que viabilizaram e muito todas as atividades pensadas. Destaco também a realização do Interclasses ML 2009 e o Festival "November Festival 2009", organizados por mim e pelas turmas de oitava série.


No Ciclo I, reformatei as ideias do ano passado em novas temáticas, organizando os conteúdos nos anos iniciais e desembocando em uma quarta série apta aos trabalhos e exigências previstas para o ano seguinte. A dificuldade ficou com os pequenos da 2ªA, uma agressividade latente e agitação constante prejudicaram muito os trabalhos... Estou entendendo que não é meu perfil este campo, apesar de gostar do empenho com que eles se colocam nas aulas, é difícil para mim realizar o que almejo.

Comentários finais: A cara da LUDocência apareceu mais... Com melhores e mais ferramentas vivas (os alunos), pude alcançar níveis superiores aos do ano passado. Me decepcionei bastante, como todos puderam acompanhar em alguns dos meus posts de 2009. Mas cada aula foi me mostrando o que dá certo, o que é burrice, até onde posso deixar o professor de lado e me mostrar mais gente em sala de aula e não posso dizer que me frustrei totalmente e o tempo todo. Tive tantas realizações, fiquei tão feliz em alguns momentos! O grande projeto foi a elaboração do pôster que apresentei no III Congresso de Ciência do Desporto (FEF - UNICAMP). Muitos outros virão... Deixo o Maria de Lourdes com a sensação de ter sido o melhor professor Guilherme de A. C. Freitas, Educação Física, possível. Só me resta encarar mais desafios, de novo de mudança.

Desculpem o longo post que diz mais para mim do que para os outros... Espero que não se cansem dessa retórica enroladora. Abraços a todos e feliz 2010!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Toques finais


O vazio se aproxima. Com as férias, vem um merecido descanso, mas também sou acometido por uma ausência sentida dos momentos de criação conjunta entre professor e aluno. Tem gente que acha um absurdo, mas eu me realizo em botar a mão na massa, correr junto com eles, me encontrar taticamente junto com eles, rolar nos colchonetes junto com eles, esperar ansiosamente pela próxima atividade junto com eles.

O que mais me dói neste instante é saber que "eles" mudarão de cara de novo. Eu não queria, até penso que eles também não, mas nossa escola será municipalizada. Mais uma mudança de endereço para a LUDocência... E vou iniciar os trabalhos novamente, não do zero, mas alguns passos atrás da linha que atingi ao final deste ano.

Mas a experiência marca... Marcou desde a compra da bicicleta que me transportou o ano todo até a escola, desde as explicações e justificativas para não trabalharmos na quadra, desde as confusões de nomes dos alunos (isso eu consigo transpor rapidamente, sou bom em guardar fisionomia!) até esta derradeira semana de empacotamentos, esvaziamentos e reuniões. Amanhã receberemos a dirigente de ensino para esclarecer pontos futuros, segunda-feira teremos uma merecida confraternização entre a equipe e encerra-se minha curta passagem pela E.E. Professora Maria de Lourdes Luize Leite do Canto. Tristemente me despeço deste espaço que chamei de meu, no qual me senti bem e engajado.

De certeza, apenas os boas histórias que contei aqui, estas ficam comigo e estão coladas no álbum de figurinhas deste professor aprendiz. Sentirei saudades, como sinto do Celeste... Por que a gente tem de se apegar nas coisas? Parece que quanto mais trabalhoso, mais falta faz!!!

Esse vazio ainda vem maior por ausências que, se são frequentes, pelo menos antes não eram tão sentidas! Aqui faço meu canal de comunicação. Redigirei novos posts em breve para avaliar mais este ano de trabalho e também para alguns apontamentos do que vem pela frente. Abraços a todos!

domingo, 8 de novembro de 2009

Os porquês

É bem verdade, e aqueles que trabalham com ou conhecem a realidade de qualquer estabelecimento de ensino público podem confirmar, que a escola não atinge o interesse dos alunos (embora eu insista em colocar a culpa em quem fica do lado de cá, não dá pra sobrar tudo nos professores! Falo muito mais de um sistema falho e falido). De forma quase recíproca, os alunos não se interessam pela escola e assim segue... Agora, algumas perguntas que doem por existirem e inflamam ao pedirem respostas!

Quando chegam as tentativas que, após identificarem uma realidade que existe, buscam tocá-los e mostrar algum valor naquilo que se fala e tagarela por 110 minutos semanais frente 40 indivíduos em construção constante, por que não há receptividade? Gostaria que todas as pessoas, envolvidas direta ou indiretamente com a escola, ricas ou pobres, brancas, amarelas, verdes ou azuis, pudessem por um dia assumir uma classe com a simples tarefa de falar aos alunos sobre algo que seja significativo para todos dentro da mesma sala.

Por que é tão errado em querer trocar ideias, pensamentos e conhecimentos sobre as mesmas coisas de que falamos todos os dias? Na maioria das vezes, o mundo que é desenhado com giz em cada lousa é bem diferente daquele de cores, gostos, cheiros e sons reais percebido quando se olha pela janela. Bato o pé e quero saber: por que a recusa em aproximar-se de uma realização conjunta e possível pelas próprias mãos?

Por que é preciso valer-se de cada situação para tentar sobrepujar, ridicularizar, ver prejudicado ou mesmo "tirar onda" com a pessoa que está do lado? Posso substituir a pessoa do lado pela pessoa na frente da sala... Posso substituir alguns dos termos que se dirigem a um ser vivo pensante e torná-los mais relacionados a objetos: Por que é preciso valer-se da cada situação para testar a resistência, usar inadequadamente, inutilizar, monopolizar para não dividir o material que é rico e pode ter sido construído por ele mesmo? Não entendo como é tão difícil usar cada coisa para dialogar com o mundo...

Por que se perde tanto com chamadas de atenção, pedidos de silêncio, broncas, repreensões...?

Por que eu insisto em continuar buscando as respostas para perguntas que eu já deveria ter respondido na faculdade?

Por que as perguntas desse post não acabam?

Faça as suas perguntas, me ajude com respostas, altere os questionamentos... Eu queria que meus alunos assumissem essa postura crítica o tempo todo.

Por que ainda devo deixar abraços a todos? Simplesmente porque sempre me faz bem escrever sobre o que não é falado, são perguntas que não existem e ao mesmo tempo se fazem enxergar sempre, tanto e quando.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

As relações de tempo e espaço escolares

Não é de hoje que esse tema preenche meu trabalho diário com dúvidas e inquietações. Afinal, eu já comecei minha LUDocência tendo de dividir espaços com outros dois professores de Educação Física no mesmo período, tendo de encontrar maneiras outras de considerar os conhecimentos e informações que minha prática docente intencionava quando me era negado o direito de usar este ou aquele instrumento pedagógico (inclusos os materiais). Ainda no ano passado, passei pelas aulas "a prestação": começávamos a aula até trinta minutos, os alunos saíam para o intervalo e retornavam para mais vinte minutos, os quais invariavelmente aconteciam dentro da sala pois na entrada da turma, outras saíam para seu próprio intervalo.

Aí a gente também considera a quadra descoberta na qual o sol das 10h da manhã é um abuso contra a saúde de todos nestes tempos de altos índices de radiação. Sem falar na chuva, impiedoso adversário de uma imensa quantidade de professores preocupados em se planejar e ainda mais preocupados em ter cartas na manga para preencher o vazio de atividades em uma sala cheia de alunos inquietos pela negativa atmosférica que não lhes permitiu um momento de exploração motora dentro da imensidão estática das salas fechadas, apertadas e abarrotadas de gente.

As salas de aula são o que há de mais ultrapassado e inconcebível na escola atual. Por que sentar-se em fileiras, um atrás do outro? Qual a vantagem em fazer isso quando tanto se discute na superação dos modelos de classificação, ordem e disciplina antes vigentes? Eu anseio por salas ambiente para cada disciplina (e quero a minha também, assim como uma quadra coberta), alunos sentados em U, todos lado a lado e não olhando para nuca do outro, não encostados na parede e sim reunidos em trabalhos de pesquisa, sugestão e recriação daquilo que trazem para dentro da escola.

Lousas decentes, que sejam ainda os quadros negros, brancos ou lousas digitais, mas que lá estejam e possam ser bem utilizadas. Janelas amplas que não excluam o exterior do que se conversa lá dentro e ainda assim sejam menos interessantes. Cadeiras confortáveis, mesas ajustadas aos tamanhos dos alunos, armários onde eles possam guardar e retirar seus materiais sem precisar transportá-los todos os dias para casa, onde o esquecimento se abate sobre qualquer um. Laboratórios de ciências, salas de leitura, bibliotecas, salas de informática ativas e em funcionamento, salas de vídeo, refeitórios, piscinas, campos gramados, campos de areia, vestiários... Escolas de tempo integral, com um currículo comum e períodos de opção individual de acordo com as preferências de cada aluno (modalidades esportivas, artes, música, dança, jogos, línguas, leitura, escrita, cinema)...

Quando é que será assim? Talvez nunca, talvez já o seja em alguns lugares privilegiados e de acesso restrito, tanto social quando financeiramente. A verdade é que dificilmente será interessante para aqueles que estão à frente das políticas públicas oferecer uma educação verdadeira no sentido viver a cultura como um todo, tanto a sua individual como a coletivamente construída ao longo dos tempos. Ter escolas com tempo de ensinar e condições de trabalho sempre será perigoso. Vejo eu mesmo tornando-me subversivo!

Abraços a todos! Se visitarem, comentem!
Hugs for everybody! If you came to visit my blog, please leave a message!
(tenho visitantes de outros países, minha gente! Deem uma olhada no mapinha ali do lado direito e saibam um pouco dos acessos e origens que são caminhos para o LUDocência!)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Prezando ambientes

Estive fora por uma semana em viagem: o destino foi o Ceará. Belas praias, lindas paisagens, um clima tropical, mas suavizado pela brisa constante que preenche todo o território e é muito bem aproveitado na geração de energia elétrica (através de geradores eólicos, uns ventiladores gigantes colocados no meio das dunas de areia próximas ao litoral). De lá, trouxe boas lembranças, um tom a mais de bronzeado (diferente da nuca, braços e canelas já castigados o ano todo pelo sol na quadra) e experiência de conviver por alguns dias numa outra esfera cultural bem diversa da habitual.

A região nordeste realmente é quase outro país... Se percebe na fala, na maneira de pensar, de vestir, em tudo. E lá, como sempre acontece ao chegar em lugares desconhecidos, você é o estranho pois não fala, pensa e age como o restante. Paulista desde sempre (sem renegar a herança mineira muito apreciada!), a gente realmente estranha certos fatos e se surpreende com a maioria.

Enfim, terei o que lembrar por muito tempo.

Mas a realidade está aí. Me culpei ao retornar quando percebi que outubro já está terminando e quase não comecei o 4° bimestre em seus novos temas. Para variar, o que vejo da proposta curricular não me satisfez, inclusive nem chegaram os benditos dos cadernos desses últimos dois meses de aula. Erro ao pisar fora da linha e engrenar a segunda?

Erraria se não estivesse indo de encontro às ideias e intenções que construo junto com meus alunos. Já fizemos as opções que estavam em aberto, já identifiquei o que existe de lacunas para ligar informações e conhecimentos e retomarei o trabalho para garantir que, ao final do ano, eu tenha a satisfação de encontrar alunos que experimentaram a sensação de saber pensar e fazer diferente do que sempre fizeram.

Ahh, mas e a indiferença deles nesse processo? Que eu não desanime perante negativas nem me deixe abalar por alguns desmerecedores de ensino. Vou realizar pelos meus ALUNOS e não me desmotivarei pelos que preferem não o ser. Abraços a todos!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Organização Participativa

Acho que este tema merecerá mais posts ao longo deste último e ressonante (que beleza!!) bimestre.

As oitavas séries sob minha ludocência organizarão dois eventos escolares: um festival de talentos e um campeonato interclasses. A ideia inicial era compartilhar os trabalhos entre componentes das duas turmas... E foi o que tentei fazer na quarta. Sem sucesso.

Aparentemente, as salas não se bicam desde sempre, para deixar claro. Então intervi e determinei que cada uma administrasse a construção de um dos eventos. Como a 8ªB estava mais organizada, deixei que ficassem com o campeonato. Consequentemente, a 8ª assumiu o festival e me pareceram bem empolgados com a ideia.

O que espero com essa ação é torná-los ativos no processo de elaboração e ressignificação da cultura de movimento, além de envolvê-los com responsabilidades. Aposto que o final, com tudo dando certo, os deixará orgulhosos!!

Primeiros passos, mais uma vez. O erro e o acerto convivem tão bem na minha LUDocência que acho que quero continuar errando pra sempre. O erro me torna consciente dos meus passos, enquanto os momentâneos acertos cada vez mais se mostram ilusões perante a realidade complexa que é lecionar na escola pública de periferia.

sábado, 3 de outubro de 2009

Residindo no medo

O título assusta? Inicialmente, talvez. Vou me justificar quanto ao uso de um termo popularmente negativo.

Estou participando de um curso muito interessante na EEFE-USP, aos sábados, ministrado pelo prof. Walter Correia. A turma é toda formada por professores de escola pública e o título não é algo tão comercial como se vê por aí: Educação Física Escolar - Acolhendo Dilemas e Soluções Docentes. Não tem fórmula mágica, não nos coloca a par das últimas novidades pedagógicas nem bate na mesma tecla de nos responsabilizar pela mudança na educação. Simplesmente, a proposta é dar voz a todas as angústias que surgem dentre os docentes.

E isso vem funcionando, como bem disse uma colega na manhã de hoje, é quase uma terapia de grupo! Participei da dinâmica inicial de hoje. A temática? MEDO. "Você tem medo de quê?"É difícil asssumirmos a relevância de considerarmos nossos medos cotidianos. Lembramos de medo de altura, medo de escuro, medo da violência... E o medo de não acertar no trabalho? E o medo de magoar alguém com nossas atitudes? E o medo de não corresponder às expectativas?

Luzes apagadas, silêncio para ouvir os relatos. Fui o último dos três primeiros e sintetizei em algumas palavras a imensidão de sentimentos que me invadiram desde fevereiro de 2008, meu início no magistério. Dei vazão ao grande medo que tenho e me senti melhor, falei de como tenho medo de ver a instituição ESCOLA fracassar, perder seu sentido e não ter mais valor perante uma sociedade renovada e veloz. Ao mesmo tempo, "cutucados" pelo professor, aproveitamos a perguntaa música dos Titãs - Comida: "Você tem fome de quê?". A minha fome se saciará ao ver essa escola prosperar por meio de professores, alunos, famílias e investimentos.

Taí, eu aceitei esse medo, falei sobre ele e não me parece mais tão assustador. Pensei na minha fome e agora fica claro que realmente é o que me motiva a estar todos os dias na escola.

Um medo que não é físico. Uma fome que também não é material... Como eu queria que cada um dos meus alunos encontrasse essas respostas, se não em si mesmos, pelo menos com a minha ajuda, ou de seus professores. Que seja... A diferença será feita onde existe algo faltando.

Abraços a todos. O quarto bimestre está prometendo!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A diferença que é igual

Hoje foi um grande dia: recebi a visita do meu grande amigo Thiago Alvarez, colega de FEF, para que ministrasse aulas sobre o Badminton junto às oitavas séries, no período da tarde.

Nos desencontros de primeira vez, aconteceram alguns imprevistos no trajeto, mas nada que não pudéssemos contornar. Com muita alegria, pude receber um profissional que, assim como eu, faz a diferença em sua atuação. Saio muito contente pela visita, pela oportunidade de conhecimentos que ele ofereceu às turmas e também por mais alguém que partilha de grande parte das minhas visões na nossa área estar por perto e ver um pouco do que faço. Espero que ele tenha tido uma boa impressão...

Outro ponto interessante foi observar como nossas maneiras de conduzir as coisas são parecidas e diferentes ao mesmo tempo. Dentro do plano das ideias, quase tudo o que fazemos diz respeito ao mesmo universo de discussões, leituras de textos e até elaboração de trabalhos, pois sempre estivemos muito próximos. Quanto à execução/ condução das situações, existem semelhanças claras no trato dos assuntos... Mas, dentro da escola, modestamente já me considero mais experiente e a vontade de acertar "abraçando o mundo" tem seus prejuízos na sequência pedagógica. E, obviamente, aqueles alunos que tiram a gente do sério em qualquer momento, eu já tiro de letra...

A metáfora é ideal: eu ainda estou aprendendo a dar aquele passo antes de tirar o outro pé do chão, já tentei correr muito e quando olhava para trás, só enxergava a poeira que eu mesmo levantava, ninguém me seguia...

De todo coração, desejo ao meu amigo "Talha" muito sucesso e espero que a experiência tenha enriquecido muito a sua jornada profissional, assim como a sua visita contribuiu imensamente para o meu trabalho e para o professor que eu ainda estou me tornando! Um grande abraço para você!

E os habituais abraços a todos!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Não deixe cair...

Vou seguir fiel ao compromisso de não deixar de postar. Já me desliguei de novo, o caso é que apareceram tantas outras coisas e os trajetos foram surgindo, esqueci de retornar ao meu espaço público de pensamentos sobre meu próprio trabalho.

Foi com alguma satisfação que decidi entrar de vez nos temas deste bimestre. Abandonei a frustração que vinha me acompanhando ao longo do semestre (apesar das boas expectativas, o trabalho com os anos finais do Fundamental mostrou-se mais penoso) e busquei forças onde eu realmente vejo resultados. Como falei anteriormente, não venho me arrependendo!!

Estou crente que um trabalho focado no interesse pelo conhecimento dá certo, comprovei na prática e ainda pude especular onde está o grande "pam" da educação: os alunos não são estimulados a pensar as coisas desenvolvendo relações entre elas!

Falando de beisebol nas oitavas séries, uma das questões que eu discutia era: "Dois dos países em que a modalidade é mais popular são ilhas. Quais são eles?". Em tempo, os países são Japão e Cuba.

Longe de mim querer me arriscar na Geografia, mas me orgulho dos conhecimentos que sempre aprimorei desde a disciplina Estudos Sociais na quarta série. Países, capitais, continentes, meridianos, trópicos, regiões e estados do Brasil... Agora, o que vemos é algo que torna-se totalmente abstrato aos alunos, pois eles não são capazes de retrucar instantaneamente em que continente se localiza este ou aquele país. Volto mais e me recordo da dificuldade de localizar os estados e regiões brasileiras quando tratamos das manifestações rítmicas...

Recorri ao mapa e confesso que saí vitorioso, pois levei aqueles que queriam saber como responder a encontrarem a resposta. Esses momentos levantam a minha moral, me ajudam a ter personalidade de professor, o professor que acompanha o aluno no processo de conhecer, interagir e modificar as informações com as quais ele tem contato na escola.

Por essas e outras, sinto falta daqueles famigerados chavões de multidisciplinaridade, transdisciplinaridade... Se essas coisas realmente existissem, eu acredito que daria para acreditar de verdade em ensino público de qualidade. Ahh, o futuro....

domingo, 23 de agosto de 2009

Uma hora e quatro minutos

(Pausa nas reflexões escolares, vamos passear por outras expressões da área de educação Física)

Foi a primeira vez que participei de uma corrida de rua. Já havia acompanhado muitas delas pela televisão, trabalhei em duas e tive vontade de correr em quase todas desde que eu entrei de vez no mundo da atividade física.

Ensaiei, cheguei até a me preparar em 2007, mas não vinguei e acabei dando para trás.

Dessa vez, entrei na brincadeira. O convite de meu amigo Daniel Giacon veio na hora certa, me motivei para encarar o desafio e me preparei durante a semana para chegar bem no dia da prova, a 5ª Corrida TVB Campinas 10km. Não me inscrevi, então nem adianta procurar meu nome entre os atletas, eu fui como "pipoca" (sobre a definição, ver neste link).

Interessante o que um tipo de evento como esse desperta. Foi gostoso passar a semana mentalizando como seria correr 10km, o nível de esforço, meu preparo e o tempo em que cumpriria o trajeto. Me diverti ao lembrar dos incentivos que oferecia aos corredores quando trabalhei, esperava que houvesse pessoas ao longo do percurso que fizessem o mesmo, eu sabia que ia precisar.

Por isso que existe gente importante da área que compara toda prática motora com o jogo. Gera alguns efeitos internos e externos, tanto cognitivos quanto físicos muito semelhantes. Eu senti isso hoje.

Me cansei, tive de caminhar em alguns trechos, a dificuldade era flagrante, dois meses sem prática regular de atividade física. O tempo me deixou feliz, foi dentro da minha expectativa: 1h 4' 39''. E o final foi ótimo, a sensação de chegar é algo indescritível.

Bom, como foi de última hora, na próxima pretendo me inscrever de verdade. Vai ficar bonito... Medalha no peito e tempo na classificação. Aí, sim! Abraços a todos!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Desembocando

Estive aqui pensando...

Do que é, afinal, que essa garotada precisa? Eu tento me ver quando tinha a idade deles, mas (acho que posso me permitir dizer que) felizmente eu não vivia a realidade em que eles estão.

Eu acreditei que eles quisessem sair da mesmice, ledo engano... o trabalho é árduo para enculcar uma pontinha de vontade para fugir da habitual enrolação a que eles se acostumaram. Não os culpo. Mas ainda não justifico, sigamos as inquietações...

Depois, repensei, vi que estivessem querendo uma metodologia mais tradicional. Adotar esta postura ofereceria a chance de me aproximar e ir aos poucos transformando para uma maneira que eu estivesse trabalhando mais à vontade com todos. Me enganei de novo. Não houve resposta satisfatória, também.

Acho que não posso repensar o repensado. Então, RECONSIDEREI (hahahaha). Entendi que faltava estar, antes de qualquer outra coisa, próximo a eles. Busquei mudar minhas atitudes, transformei minha postura em sala, tratei de procurar entendê-los melhor e ouvir o que eles tinham a dizer. Tive sucessos e gostei bastante de uma aula em que, pela primeira vez, uma das salas mais povoadas de meninas resolveu tomar a frente das discussões e expor seu ponto de vista, gostei mesmo. Mas nada é perfeito e os pontos fortes tendem a ficar ilhados se circundados por erros e desacertos. Tem mais essa cara...

Não consigo achar a razão desse desinteresse. Será o ano anterior o culpado?
Uma pancada de licenças de minha antecessora no cargo, vários professores que simplesmente ocupavam o lugar, mas não lecionavam, resultado possível: "Fazemos o que queremos, é disso que a gente gosta!"
Será a (ausência da) família?
Falta de cobrança, desestruturação geral, descompromisso...
Será a descabida aprovação em massa?
Ausência de critérios, flexibilização das obrigações, afrouxamento do gargalo (tanto se fala em competências e habilidades... não existe competência para administrar o sistema, nem habilidade para contornar a arapuca que armou para si mesmo).

Quando irei encontrar essa resposta? Ponho fé na minha oscilação natural de professor iniciante e nos resultados interessantes que a LUDocência vem apresentando... mas como é mais fácil uma turma disposta a aprender. Logo, o exemplo do sonho de quinta série que tratarei num post e a superação dos modelos familiares.

Em tempo: estou concorrendo a uma vaga como Instrutor do Programa Curumim - SESC SP. Cheguei à 3ª fase da seleção, torçam por mim! Com certeza, a LUDocência terá mais espaço numa instituição de força e estrutura como é o SESC!! Abraços aos leitores e até a próxima!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Reta final

Resta somente mais uma semana do prolongamento de recesso instituído em razão da "alarmante gripe". Como escrevi antes, foi boa essa parada para realmente deixar tudo em ponto de bala nos meus planos de aula e planejamentos bimestrais. Normalmente, a grande maioria das coisas deixo para decidir no momento de aplicar... e funciona melhor assim, não deixo nada pronto. Defino o rumo e os meios se ajeitam. Mas um pouco mais de leitura, estudo e pesquisa facilita demais arrumar as coisas!!

Dentre os temas deste bimestre, teremos:

--> 2ª série: Ginástica e Noções de Corpo Humano
--> 3ª série: Capacidades Físicas
--> 4ª séries: Ritmo (danças populares e tradicionais do Brasil)
--> 5ª série: Ginástica Artística e Sistema Locomotor
--> 6ª séries: Ginásticas Rítmica e Geral
--> 7ª séries: Treinamento e Padrões de beleza/ Manifestações rítmicas de outros países
--> 8ª séries: Esporte(s) "alternativo(s)"

E aí os trabalhos de pesquisar informação e preparar material vem sendo realizados para dar sustentação às atividades do bimestre inteiro. Já recolhi bastante coisa, acho que vou até deixar algumas coisas escritas por aqui, quem sabe alguém se interessa!!

Por enquanto, deixo saudações aos leitores. Até a próxima!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A espera prolonga-se e decisões são tomadas

Nesta terça-feira, o reinício das aulas nas escolas estaduais foi adiado para dia 17 de agosto (Fonte: Sec. Est. Educação). Assim, a escola só volta a funcionar completamente daqui 20 dias. Não sei até que ponto essa medida dará conta de evitar o alastramento da tal gripe perigosa, mas se os órgãos competentes analisaram e entenderam ser pertinente, que seja... Foi ótimo ganhar mais tempo, tenho muito para preparar ainda e o tempo sempre é escasso.

Tomei a decisão e não vou utilizar o material enviado pela educação de SP nas aulas: o Caderno do Aluno...


Não usarei! E peço que me acompanhem no raciocínio dessa decisão:
1 - Odeio pensar que estou amarrado em alguma coisa, a aprendizagem não funciona assim.
2 - Os materiais sempre chegam atrasados e no final do bimestre, esperar por eles é besteira.
3 - As atividades são simplórias, mal formuladas e totalmente fora da realidade dos alunos.

Estou errado?? Até para os alunos é algo que não faz sentido, veja este post num blog (um meio de comunicação que abre a possibilidade de se dizer o que se pensa). Quero ver o bambambam que vai me provar que sou obrigado a usar essas apostilinhas sem vergonha... Tenho certeza que meu dia-a-dia proporciona maior aprendizado que o "Caderno do Aluno" e suas atividades superficiais.

Quanta revolta!! Mas eu melhoro... Vou continuar preparando minhas coisas por aqui, abraços a todos!!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pela continuidade

Ferve a vontade de continuar acrescentando ideias a este sítio... Na verdade, tanto me agrada a possibilidade de ter um lugar para ver as opiniões e reflexões se tornarem concretas, me entristece saber que consigo dedicar tão pouco tempo a ele.

Sentindo a falta deste espaço, acabei passando pelo novo período de docência sem tecer comentários mais profundos, sem deixar observações mais frequentes e perdendo muito do que poderia se tornar tema. Mas eu vou renovar a promessa aqui, agora, e voltarei mais vezes a partir desta postagem.

Embora não exista muito o que deixar aqui, por enquanto. Estamos em recesso escolar...

Uma pausa bem vinda e profícua, no sentido de permitir que eu reequacione os espaços e dinâmicas utilizadas, após meses de convivência semanal com meus alunos. Agora, eu os conheço e eles sabem quem eu sou nos momentos de professor. Superadas as apresentações, acredito que teremos mais condições de evoluir. Eu sinceramente conto com esta vontade, que existem bem grande dentro de mim, espero que na mesma intensidade deles.

Só o desânimo marcou uma de minhas últimas aulas, quando me preparei para usar a sala de computadores da escola e esta não se mostrou pronta para o que deveria ser trivial. Complicado é contar com certas maneiras diferenciadas e ter de ser resolver com giz, lousa e aquelas coisas do arco da velha.

Sem negar o seu valor, afinal eu sou fruto desta educação de quadros negros, mas acredito que temos competência hoje para fazer melhor e mais bem feito. E este blog vai de encontro com essa intenção, sempre... Quero que ele sempre se aproxime da realidade da escola, que ele se torne braço e espaço igual.

E registrando a chegada da Lousa Digital em minha escola. É chegada a hora de superar os conceitos, pelo menos com algumas turmas... Será fantástico promover o uso de tecnologias inovadoras!!!

Abraços aos leitores de sempre, espero contar com novos visitantes!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Inquietações da madrugada

Saudações!

Creio não estar errado quando me questiono todos os dias: qual a minha função? qual o papel da Educação Física na escola? O que os alunos esperam e o que podem conseguir com minhas aulas?

Nessa vida, nos valemos das perguntas que respondemos, ou simplesmente daquelas que nos fazem buscar a resposta, mesmo que ela não exista. Não tem um dia que eu não saia da escola pensando nisso... Aliás, recomendo a todos: se quiserem esclarecer ideias, pensamentos e desenvolver novas reflexões, comprem uma bicicleta e pedalem por aí, busquem trechos bem arborizados, sossegados e planos (pensar numa subida é exigir demais!!!). Eu adoro voltar para casa depois de um dia de trabalho, venho pedalando e repensando tudo o que aconteceu, os pequenos acertos e os vários erros. É das coisas que me tem feito mais bem, que delícia o vento no rosto, o deslizar na inércia do movimento... sem igual.

Nessas pedaladas, idas e vindas entre os caminhos tortuosos da Ludocência, vi que eu ando dedicando pouco tempo à prática das perguntas formuladas (ou talvez suas respostas). O planejar não vem sendo feito como deveria por mim, e confesso que hoje foi um destes dias... Em uma aula específica, me furtei de trabalhar o que havia pensado, na confusão de bolas, alunos, alunas e demais variáveis deste sistema. Noutra, apliquei o planejado, mas a contrariedade do grupo venceu minha insistência (a paciência tem limite) e fomos mais rápido ao jogo formal, técnico, modelado, formatado, previamente conhecido e sem qualquer interferência de minha parte no que se refere ao desenvolvimento de algo diferente.

Pra não ir tão longe e deixar abertura ás colocações dos amigos, observações: se a brincadeira conhecida e transformada não atrai os pequenos (na sua ânsia de jogar, estão precocemente querendo aquilo que os mais velhos desejam...) e o jogo construído não tem valor no aprendizado e recriação de uma maneira de entender o esporte perante os maiores, qual(is) o(s) caminho(s)? Qualquer possibilidade de deixar solto está totalmente eliminada, que meu compromisso de professor "seja eterno enquanto dure". Venho aproveitar para saudar a vinda de Daniel Giacon, grande amigo e colega de faculdade para acompanhar algumas aulas comigo na escola, bem vindo!!!

Abraços a todos e obrigado de coração pelos comentários, são incentivos à sequência destes textos.

sábado, 28 de março de 2009

Céu aberto

Boas.

Todo mundo gosta de ar livre, não são diferentes os alunos... Afinal, eles passam na média 4h por dia confinados dentro de uma sala de aula. Ser vivo nenhum consegue se manter enclausurado por tanto tempo, imóvel, estático, calado. Eu não consigo! Faça um exercício mental e pense se você conseguia se concentrar tanto em algo centrado externamente, como uma aula expositiva, daquelas bem tradicionais: giz, lousa, professor falando sem parar...

Até por isso, eu aparecer na porta é uma esperança de liberdade. Pelo menos, é o desejo deles. Reações adversas surgem se eu anuncio que ficaremos na sala, ocorre raramente, mas acontece... Isso quando quero basear algum conteúdo antes de repensá-lo em atividades práticas, ou ainda trabalhar algo que não exija o ambiente externo e esteja mais ligado ao plano das idéias, sem abandonar as intenções do movimento.

Mas venho repensando as aulas para usar menos o espaço externo, infelizmente, contra minha vontade. Quem anda mandando nas minhas aulas é o sol. Principalmente à tarde, quando tenho sempre as primeiras aulas (inevitável, uma vez que tenho aulas todos os dias. E eu dei azar mesmo) e o sol das 13h brilha intensamente no céu de Hortolândia. O calor é forte, o sol castiga e a radiação não é brinquedo, protejo os alunos e me protejo, afinal para eles são 30 minutos, para mim é a tarde inteira.

Quadra coberta?? Para ser mais sortudo, eu teria que ter uma quadra na escola primeiro... Usamos o Complexo Esportivo da Prefeitura, no quarteirão de baixo da escola. Duas quadras, um ginásio coberto e quadra de fora (que infelizmente não dispõe de tabelas de basquete). Nos é cedida a quadra externa, já que os horários à tarde são preenchidos pelas escolinhas de esportes no ginásio coberto, onde a sombra abunda, o piso é mais seguro e o espaço menos propenso outros focos de atenção (vizinhos passando pela calçada, paqueras adolescentes com os caras que vão lá pra usar a quadra...).

Então, evitando os riscos do sol, venho adaptando diversas aulas no espaço do pátio da escola (nem de longe, o mais adequado) e trabalhando em sala de aula em algumas ocasiões. Se eu gosto?? Não. Se eu prefiro?? De vez em quando. Mas não forçadamente, como vem sendo.

Talvez seja uma luta que eu deva encarar: há um terreno ao lado da escola que está à venda, onde funcionava um comércio de piscinas. Se alguém souber do caminho pelo qual eu poderia sugerir ao poder público adquirir este terreno e nos ceder um espaço maior, no qual uma cobertura seria facilmente resolvida, eu ficaria imensamente agradecido. Enquanto isso, vou bolando minhas alternativas, como sempre! Só não dá pra ficar parado... Abraços a todos!!

sábado, 14 de março de 2009

Os primeiros passos de algo que ainda não existe

É engraçado pensar que o título deste blog surgiu sem qualquer reflexão mais aprofundada. A intenção era ter um espaço onde eu pudesse integrar a vontade de escrever às reflexões do meu dia-a-dia como professor, tudo sob um ponto de vista crítico. Só que tinha algum tempo, eu não parava para pensar no porquê da Ludocência.

Obviamente, a junção de Ludo e Docência. Jogo e Magistério. Construir uma metodologia docente em Educação Física que privilegiasse o jogo, a brincadeira, a atividade desinteressada. Passou-se quase um ano e não posso dizer que já tenho este plano em prática e sou"ludocente".

Mas, ao que me parece, existem lampejos que andam me ajudando a traçar algumas rotas neste caminho de criar algo diferente... Ontem mesmo, tratando de Atletismo - Corridas, junto às minhas salas de 6ª série, elaboramos conjuntamente um texto sobre corridas de velocidade e resistência, após prática de entendimento.Propus que ele buscassem explicar o significado de algumas das palavras que não entenderam no texto (exemplos: ranking, centésimo, Atenas, maratona, nobre). No final, utilizei o quadro para propor o seguinte jogo:

- Relacione as palavras abaixo com as diferentes exigências de corrida:

CORRIDAS DE VELOCIDADE x CORRIDAS DE RESISTÊNCIA

Força muscular / Distâncias mais curtas / Distâncias mais longas
Maior tempo de duração / Menor tempo de duração
Róbson Caetano / Vanderlei Cordeiro de Lima

Obs: Róbson Caetano e Vanderlei Cordeiro foram os atletas que foram citados no texto para exemplificar o biotipo dos corredores, além de sinalizar dois expoentes do pedestrianismo nacional.

Foi incrível observar como eles se envolveram na tarefa de responder este pequeno jogo, que consistia simplesmente em ligar as palavras mais abaixo ao(s) termo(s) correspondente(s) localizado(s) acima. Discutiram com o colega do lado, releram o texto, me chamaram, questionaram, perguntaram, se divertiram, ficaram em dúvida... A sensação era muito boa. Essa sensação devia ser o que eu queria ao propor a Ludocência:
Dialogar com o conhecimento sem se preocupar com a sua importância, sem propósitos previamente identificados, apenas como parte da estrutura de um jogo prazeroso por si só.
Nota mental: adquirir o hábito de conduzir um jogo em todas as aulas de Educação Física. Dará trabalho planejar, mas tenho certeza que consigo criar na pluralidade da nossa área!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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EE Profª Maria de Lourdes Luize Leite do Canto

Como é bom ter novidades de verdade ao início do ano. Eu nunca esperaria que minha remoção fosse dar certo logo no primeiro ano de magistério. Confortável com a situação no Celeste (mesmo correndo aquele risco de ter de sair para outras escolas novamente), eu apenas indiquei escolas centrais e próximas de casa, com fácil acesso. Só pra fugir um pouco da distância gigantesca percorrida de ônibus todos os dias.

19 indicações e justamente aquela que eu soube por último que ficava nas proximidades de casa, minha quarta opção, foi aceita! Saí do Celeste Palandi, diretoria de ensino Campinas Oeste, e cheguei na EE Profª Maria de Lourdes L. Leite do Canto, Hortolândia, diretoria de ensino Sumaré.

E como é? É ótimo!!! A escola é pequena, organizada, simples, tranquila (nãããão, é um sacrilégio escrever sem tremas), a 5 minutos de carro vindo de casa e há somente um professor de Educação Física, o qual, felizmente, sou eu! Como nem tudo é perfeito como casinha de João-de-barro (graças a Deus, ainda tem hífen...), a escola não tem quadra, mero acaso, só porque ela é realmente pequena como eu contei. Não pense que minto sobre o tamanho, confira no Google Maps:



Exibir mapa ampliado

E comparando com o Celeste:

Exibir mapa ampliado

Dá pra ver que 75% dos meus problemas ficaram por lá, como eu escrevi uns dias atrás.

Mais vantagens: um corpo docente fixo (em sua maioria), competentes, conhecedores da realidade dos alunos, materiais esportivos conservados e em bom número (aleluia!! Um milagre aconteceu, e eu vou poder tomar conta de tudo), menos alunos por sala. Logo espero ter mais vantagens para contar aqui.

A primeira impressão fica, e é muito boa. Hoje foi o primeiro dia de aulas e continuo pensando que aqui é o lugar em que poderei desenvolver meu trabalho! Meu, eu estou indo trabalhar de bicicleta, é o suficiente para mim! 4h de ônibus por dia, nem pensar...

Abraços a todos!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O que falar de 2008

Duas escolas para o primeiro ano de ludocente: EE Profª Celeste Palandi de Mello e EE Antonio Carlos Pacheco e Silva.

Classes de Ciclo I, além duas turmas de ACD (Atividade Curricular Desportiva), categoria Infantil (15, 16 e 17 anos), tênis de mesa e futsal.

As distinções que posso contar foram ->

Público: No Celeste, crianças carentes, marginalizadas, com dificuldade em assumir postura de produção de conhecimento e respeito aos demais. No Pacheco, crianças em melhor situação sócio-econômica, mas ainda assim desrespeitosas, ignorantes quanto à necessidade de cumprir uma ou outra determinação que auxilie em qualquer processo.

Condições de Trabalho: No Celeste, éramos 5 professores de Ed. Física, até 3 no mesmo horário de aulas, escola funcionando em 4 períodos, intervalos no meio das aulas, desparecimento de materiais ao longo do ano, descaso por parte de alguns colegas com relação à manutenção e conservação do mesmo material. Ausência da direção e coordenação no auxílio a questões disciplinares e organizacionais que contribuíssem para o bom andamento do ambiente escolar. Negativo para a distância, quase 2h no percurso de ônibus!!!! No Pacheco, dois professores apenas, em horários distintos, boa quantidade e diversidade de materiais, ponto negativo para a quadra descoberta e um meio mais interessante que escaldar embaixo do sol das 10h da manhã, com barrancos, rampas e escadas (habilmente utilizadas por mim mais tarde em algumas atividades... sinais da evolução didática!!), ponto positivo para a proximidade de 15 minutos de casa!

Planejamento: No Celeste, cumprido integralmente, contemplando aspectos da cultura do movimento e alguns temas paralelos (Jogos Olímpicos). Nota para a falta de tempo hábil apenas para a realização de alguns dos registros bimestrais dos alunos. No Pacheco, dificuldades em seguir o planejamento inicial, exigiu que algumas atividades fossem substituídas, muitas vezes sem o resultado esperado. Melhora a partir do 3° bimestre, na aplicação das atividades relacionadas aos Jogos Olímpicos, mas o último não teve nenhuma seqüência lógica relacionada ao planejamento.

Comentários gerais: Estou feliz porque não esperava acertar em tudo, foi o que aconteceu. Em diversas oportunidades, me vi perdido com relação a como solucionar algumas dificuldades. O fato é que nenhuma delas foi o bastante para que eu arrefecesse e deixasse para lá. Briguei pelas minhas idéias, me frustrei com a inércia de alguns setores escolares, me surpreendi com a vontade de aprender dos alunos e atendi grande parte das minhas expectativas: caramba, eu ministrei aulas por um ano a quase 500 alunos!!!!! E, mais do que isso, eu gostei do que fiz e fui fiel ao que acredito: uma Educação Fìsica em transformação, nada inovador, mas também nada do mesmo! Uma Educação Física baseada no simples propósito de que o jogo pode estar presente em qualquer esfera do entendimento do ser humano.

Um 2009 diferente para este Ludocente. Nova escola, novos alunos, novas aventuras... Tudo isto com mais experiência, mais vontade, mais idade e mais curiosidade, aquela da qual Paulo Freire gostava de falar, uma curiosidade que não seja de todo inocente, mas tenha foco, o foco que todo educador precisa para sua missão diária.

E, no mais, que vida, eu vou poder ir trabalhar de bicicleta!!! Em breve, um post sobre a nova escola na qual ministrarei minha Ludocência. Abraços a todos e bem vindos de volta!
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