sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

ConJOGANDO o esporte no plural II

Acho pertinente que este tema seja incluído entre os primeiros estudados na aula de Educação Física. Existe uma confusão muito grande que permeia nosso cotidiano e ainda atrapalha o andamento das aulas: os alunos assistem esporte na TV, querem praticar o que assistem, mas o que realmente desperta seu interesse é jogar.

A construção dessa diferença é fundamental e a postagem de hoje tem esse objetivo.

Aula 1 - As diferenças e semelhanças entre jogo e esporte

- Como dinâmica inicial, questione os alunos sobre as atividades que gostam de fazer em seu tempo livre. Anotar no quadro todas as indicações, sem restrição. Na sequência, peça que eles classifiquem quais das atividades se enquadram como JOGO e quais delas seriam ESPORTE. Após essa rápida seleção, compartilhe a divisão e explore eventuais polêmicas e discordâncias, levando os alunos ao questionamento dos conceitos que formam cada atividade.

- Proponha aos alunos um jogo amplamente conhecido - sugestão: QUEIMADA. Permita que eles decidam a maneira de compor as equipes, o espaço em que a atividade ocorrerá, regras e implementos de jogo. A atividade transcorrerá normalmente, interfira somente quando houver discordâncias que não se resolvam, relembrando as regras combinadas inicialmente. Com o fim do jogo, proponha uma nova forma de jogar - no caso da queimada, mude a montagem das equipes, altere o espaço, inclua variações no funcionamento do jogo e novas regras que permitam maior participação. Neste momento, sempre é importante garantir a participação de todos, sem exceção, para as futuras comparações a serem feitas com o esporte. Ainda, anote ou memorize a duração de cada disputa.

Seria este o vôlei formal ou apenas um jogo de vôlei?

- Organize uma prática esportiva formal. Monte equipes com o número oficial de participantes (permita-se, inclusive, formar equipes com alunos mais habilidosos em detrimento de um equilíbrio, uma desatenção pedagogicamente pensada!), defina quais delas jogarão e esteja próximo para arbitrar o jogo de acordo com as regras oficiais.

- Ao final, as práticas devem ter causado um efeito inicial de prazer, mas sem atingir a todos plenamente. Pergunte quem saiu satisfeito da aula e questione os motivos para sim ou para não. Reúna o grupo e coloque as diferenças pensadas para cada situação. Desta discussão final, deve sair a definição do que é jogo e esporte:

JOGO
- Permite mudanças nas regras
- Permite mudanças no número de participantes
- Permite mudanças no espaço de jogo
- Permite mudanças na duração do jogo

ESPORTE
- Tem regras oficiais
- O número de participantes é fixo
- O espaço de prática oficial é fixo
- A duração de jogo é fixa

O contraponto deve ser nas possibilidades de mudança permitida pelo jogo, enquanto o esporte tem um formato mais "amarrado". Vale dar exemplos do cotidiano dos alunos, como aquele jogo de bola feito na rua de casa, onde as metas são formadas pelos chinelos e medidas em passos, a bola por vezes não sai nas laterais, mais pessoas chegam e também participam, o jogo pode durar indefinidamente ou acabar com a marcação de uma quantidade de gols, recomeçar com a entrada de novos jogadores, não exige goleiro... "Será que esse jogo de futebol é igual ao jogo que assistimos na televisão?"

Créditos da imagem: Lenço Encarnado

O que vimos aqui talvez requeira duas ou mais aulas para estar fixado como conhecimento. Não perca a oportunidade de cativar os alunos para o jogo! Vale pesar a mão no esporte, falando de exigência de rendimento, lesões, cobrança, dificuldade de acesso... O jogar sempre vai trazer mais prazer se comparado ao esporte formal! Eu garanto.

Uma pequena tentativa de construir fundações para a LUDocência. Tudo parte de uma intencionalidade pessoal, alguns podem concordar, outros discordar, mas eu vejo muito mais vantagens no trabalho com jogos. O esporte exclui, seleciona e robotiza a prática se não for devidamente entendido. Para encerrar sem ser tão crítico e revoltado contra o sistema, segue uma postagem humorística no tema de hoje: Vôlei é rebaixado a brincadeira de rua; queimada vira esporte

Abraços a todos e até a próxima!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

ConJOGANDO o esporte no plural I - introdução


Como no ano passado, as postagens temáticas acompanharão os conteúdos trabalhados em sala de aula. É mais fácil escrever sobre o que estou vivendo com os alunos no momento, além destes escritos permitirem uma revisão da prática estabelecida. De início, começamos com algo que me desperta uma paixão com ressalvas (saberão de minhas restrições ao esporte ao longo da série): as diferenças entre Jogo e Esporte e suas características, combinadas a um entendimento das atividades competitivas e cooperativas.

O título, como sempre, tem aquelas traquinagens que eu fico criando com a língua portuguesa (esse gosto pela palavra não me abandona): penso o Jogo como substantivo próprio, dotado de significados e permeado de ação, se fazendo verbo CONJUGADO a cada momento. Este "agir" pode ser individual ou coletivo, no sentido de permitir o encontro e participação do indivíduo a sua maneira. Conectar-se ao esporte exige esta mudança de pensar, pois este encontra barreiras situadas entre a exigência de desempenho e a competição exagerada. Resgatar sua raiz na concepção de jogo é permitir ao jogador reencontrar o prazer de jogar pelo jogo e não pelo resultado.

Não ficou legal? CONJUGAR + JOGAR = CONJoGAR! Adiciono o esporte e penso no plural da relação com as outras pessoas em busca do esporte praticado COM e não CONTRA.

Escreveria infinitamente sobre tudo que penso de jogar e de esporte, mas teremos bastante espaço para tudo isso. Virão as atividades práticas pensadas para esta mudança, algumas ideias e sugestões, filosofias que ficam flutuando na minha mente inquieta, enfim, preparem-se para 2012 aqui no LUDocência!

Abraços a todos, excelente carnaval e juízo! Até a próxima.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Será que o mundo acaba? Ainda estou no começo...


Olá a todos! Como sempre, é um prazer tê-los aqui para continuar acompanhando os próximos passos da LUDocência. Conforme a retrospectiva de 2011, o ano passado veio com novas atribuições, um pouco mais de trabalho, um acúmulo de quilometragem (no sentido restrito, viajei demais para trabalhar) e a terminou com a expectativa de conseguir conciliar melhor as jornadas profissionais.

Enquanto isso não acontece, a vida segue dividida entre Campinas e São Paulo. O coração está lá, o ganha pão está aqui!

Para 2012, eu retorno o trabalho com quintas séries, agora sextos anos. Estive revendo meus registros de 2010, quanto a situação era semelhante. Ao que me parece, receber estes alunos vindos de outra escola é uma tarefa que requer muita dedicação e empenho. Para eles, tudo é novo e a adaptação pode não ser fácil. A acolhida tem de mostrar portas abertas a uma nova etapa, sem deixar de exigir compromisso e interesse.

Das turmas, pude ter um breve contato no primeiro dia de aulas e nesta semana. Não tecerei comentários precipitados, mesmo que a primeira impressão seja boa: a atividade foi realizada pela grande maioria sem dificuldades muito grandes na leitura e escrita.

Organizei as duas primeiras aulas desta maneira: me apresentei, contei um pouco de minha trajetória e as minhas expectativas para este ano junto a eles. Depois, aproveitei para inteirá-los dos objetivos a serem cumpridos pela disciplina na escola, delimitando quais são os conteúdos a serem estudados e as ferramentas que usaremos ao longo do ano. Por fim, fiz os habituais combinados para as aulas, pequenas regras de convivência construídas coletivamente e registradas em caderno. Chamam de contrato pedagógico, prefiro continuar com "combinados", porque contratos não podem ser alterados e combinados sempre podem ser rediscutidos.

A próxima semana será a largada para as atividades de aula. Mesmo que o Brasil teime em começar o ano só depois do carnaval, já aqueci as máquinas para não perder tempo. Abraços a todos e até a próxima!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Agora, 2012


Saudações a todos. Retorno os trabalhos aqui no LUDocência a partir da próxima sexta-feira. Aproveito para contar um pouco deste ano na escola: continuei com a jornada reduzida, contabilizando cinco turmas (até o momento, tramita no Judiciário a aplicação da Lei Nacional do Piso dos Professores, na qual também é definida uma parcela da jornada para trabalho dentro e fora de sala. A Secretaria Estadual de Educação utilizou-se de uma manobra matemática para contabilizar intervalos de 10min entre cada hora-aula e diminuir o número de aulas).

As aulas serão todas com quintas séries, agora sextos anos, conforme a nomenclatura atual. O ano promete!

Minhas perspectivas trarei na semana que vem. Abraços a todos, ótimo final de semana!
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